quarta-feira, 8 de abril de 2015


Não acredito

Não foi um convite, mas um apelo (dramático?) o que a presidente fez ao Michel Temer para que ele assumisse a coordenação política do governo, diante da presente catástrofe nas relações entre o Planalto e o PMDB/Congresso. O Vice, com a esperteza que só o presidente do PMDB é capaz de ter (ser presidente do PMDB não é para qualquer um), foi logo adiantando as condições: não queria acumular funções (a de Vice e a de Ministro), não só para não se colocar em uma posição ambígua como principalmente para não assumir uma posição subalterna ao Ministro-chefe da Casa Civil Aloizio Mercadante. Nessa hipótese ele não conseguiria articular nada com o PMDB.

Em contrapartida, aumentando os poderes da Vice-presidência, ele teria condições de ser bem visto pelo Congresso, condição de êxito de qualquer negociação e parece que ele já conseguiu um consenso mínimo em torno da espinhosa questão das despesas do governo: os líderes do Congresso se dispuseram a fazer um esforço para evitar medidas que aumentem os gastos do governo.

Que Temer é um ótimo negociador não há dúvida. A questão que ainda está indefinida é se, com o novo articulador do Planalto, o PMDB vai se acalmar e passar a dar moleza para a presidente. Se é verdade que a motivação dos presidentes das casas do Congresso gira em torno de questões que estão fora do Congresso (abafar as notícias desagradáveis da operação Lava Jato e preparar o PMDB para concorrer à presidência em 2018), não acredito em pacificação.

Nenhum comentário:

Postar um comentário