Não acredito
Não foi um convite, mas um apelo (dramático?) o que a
presidente fez ao Michel Temer para que ele assumisse a coordenação política do
governo, diante da presente catástrofe nas relações entre o Planalto e o
PMDB/Congresso. O Vice, com a esperteza que só o presidente do PMDB é capaz de ter
(ser presidente do PMDB não é para qualquer um), foi logo adiantando as condições:
não queria acumular funções (a de Vice e a de Ministro), não só para não se colocar
em uma posição ambígua como principalmente para não assumir uma posição
subalterna ao Ministro-chefe da Casa Civil Aloizio Mercadante. Nessa hipótese
ele não conseguiria articular nada com o PMDB.
Em contrapartida, aumentando os poderes da Vice-presidência,
ele teria condições de ser bem visto pelo Congresso, condição de êxito de
qualquer negociação e parece que ele já conseguiu um consenso mínimo em torno da
espinhosa questão das despesas do governo: os líderes do Congresso se
dispuseram a fazer um esforço para evitar medidas que aumentem os gastos do
governo.
Que Temer é um ótimo negociador não há dúvida. A questão que
ainda está indefinida é se, com o novo articulador do Planalto, o PMDB vai se
acalmar e passar a dar moleza para a presidente. Se é verdade que a motivação
dos presidentes das casas do Congresso gira em torno de questões que estão fora
do Congresso (abafar as notícias desagradáveis da operação Lava Jato e preparar
o PMDB para concorrer à presidência em 2018), não acredito em pacificação.
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