quarta-feira, 30 de abril de 2014

Aquiles, de acordo com Cy Twombly

O tema da morte, que faz sua aparição no trabalho de Cy Twombly no início dos anos 1960, é elaborado por meio de motivos recuperados da Antiguidade.

Aqui, ele se inspira em um episódio da Ilíada em que Pátroclo, amigo de Aquiles, é morto por Heitor, comandante das tropas troianas. O corpo do herói é trazido para o campo dos gregos, onde Aquiles dá livre curso à sua dor.

Essa é a terrível e magnífica cena que Cy Twombly traduz nessa obra singular, de uma violência ao mesmo tempo contida e extrema. Somente duas formas vermelhas, como que jogadas sobre a tela e espalhadas com as mãos, dominam o imponente campo da pintura (Centro Pompidou, dezembro de 2011).

Cy Twombly, Aquiles chorando a morte de Pátroclo (1962)

segunda-feira, 28 de abril de 2014

O homem, entre pulsão de vida e de morte

Chileno de origem, Matta adere em 1936 ao movimento surrealista. Seria um mundo de ficção-científica, uma imagem de guerra que nos é apresentada nesse quadro?

Em todo caso, uma nova imagem do homem, entre pulsão de vida e de morte, se debatendo sem referências no coração de um desastre. Um mesmo movimento dilacera o homem e o universo feito de linhas flexíveis e nervosas, de traços de escova ou de pano de chão.

A jovem geração nova-yorkina será influenciada por essa liberdade de gesto (Centro Pompidou, Modernidades Plurais).

Roberto Matta, As potências da desordem (1964-5)

sábado, 26 de abril de 2014

A liberação do gesto criador

O trabalho do artista chileno Roberto Matta se inscreve em uma rede de trocas e de influências entre Europa e América.

Tomando distância das referências tradicionais, Matta apresenta no Reservatório de No um espaço libertado das regras da perspectiva e invadido de elementos sem peso. A obra deve ao surrealismo a liberação do gesto criador, por meio do automatismo.

Os signos cabalísticos que povoam suas telas são a transcrição de forças subjacentes, de tensões intrínsecas e de transformações inerentes ao mundo e aos seres (Centro Pompidou, Modernidades Plurais).

Roberto Matta, O reservatório de No (1958)

quinta-feira, 24 de abril de 2014

A mulata na arte

A obra de Emiliano Di Cavalcanti encarna uma forma de síntese entre a cultura brasileira e os movimentos de vanguarda europeus.

Nos anos 1930, ele pinta uma série de cenas populares, rurais e urbanas. Realizado em Paris, em 1937, esse quadro, Dança popular brasileira, marcado pelo trabalho de seu amigo Fernand Léger, trata do tema da vida cotidiana da mulher mestiça.

Tratado com um jeito ao mesmo tempo realista e primitivo, esse tema, recorrente em sua obra, testemunha também seu engajamento político (Centro Pompidou, Modernidades Plurais).

Di Cavalcanti, Dança popular brasileira (1937)

terça-feira, 22 de abril de 2014

Tarsila na “Modernidades Plurais”

“Modernidades Plurais” do Centro Pompidou reúne obras de 1905 a 1970 de todos os continentes. Logo no início, fiquei bem à vontade ao me deparar com uma obra bem brasileira.

Pioneira do modernismo no Brasil, Tarsila, em sua obra, faz um diálogo entre uma forma de esquematismo típico do cubismo e elementos autênticos da cultura brasileira.

Essa pintura de dimensões modestas chama a atenção pela intensidade de suas cores e sua atmosfera onírica.

Seu título, A Cuca, faz referência a uma criatura fantástica, metade crocodilo, metade mulher, proveniente dos contos infantis brasileiros.

A moldura do quadro, de pele de serpente, foi realizada pelo célebre encadernador, marceneiro e artesão Pierre Legrain (Centro Pompidou, Modernidades Plurais).

Tarsila do Amaral, A Cuca (1924)

domingo, 20 de abril de 2014

Oba! no Centro Pompidou a gente pode fotografar...ßå¯J

Fui andando do Louvre até a Concórdia. Diante do Jeu de Paume, verifiquei que estava fechado por ser segunda-feira. Voltei para o Louvre. Passeio bonito, ao longo do Jardim das Tulherias, com a beleza de inverno, muito diferente da explosão de cores da primavera e verão.

Essa andança me deixou cansado. Sentei em um corredor do Louvre e fui ver as fotos que fiz na visita ao Centro Pompidou. Constatei que não havia fotografado uma série de obras. Coisa imperdoável, já que raramente nos é dado o direito de levar pra casa a imagem do referente de uma lembrança. Enfim, podia fazer foto e eu não fiz todas que queria.

Voltei lá pra completar as possibilidades de viver a beleza daquele ambiente.

O saguão de entrada

Telão que se vê, enquanto se espera na fila pra comprar ingresso

sexta-feira, 18 de abril de 2014

Proibido fotografar no Museu Maillol! UhrrrÏ"N}!

Nessa manhã de domingo fui ao Museu Maillol, exposição sobre os etruscos. Exposição bem organizada, mas às vezes usa termos técnicos nas plaquinhas explicativas que fogem do vocabulário que eu domino.
 
Não podia fotografar, o que me impede de compartilhar com quem não esteve lá os mapas históricos e geográficos, bem como as obras de arte que esse povo produziu.
 
Estava tão lotada a exposição que o único jeito era seguir o andar dos visitantes. Com tanta gente interessada nos etruscos, me veio à lembrança o hábito de os parisienses gostarem de sair de casa no domingo. Em geral as pessoas vão para ambientes abertos, e são muitos os jardins e as praças por aqui. Mas, pra variar, uma visita aos precursores do império romano também era bom.
 
Quando me lembrei de que estava passando da hora de me encontrar com o Lip – combinamos almoçar na casa dele –, fui me despachando ao longo daquele labirinto humano. Perdi o rumo da saída e me vi, de repente, em uma sala de escritório.
 
Muito gentilmente me perguntaram se eu desejava alguma coisa, e eu, muito sem jeito, disse que desejava a saída. Na rua, foi mais fácil me orientar.
 
O meu amigo cozinha bem, e eu comi mais do que precisava.
 
Fachada do Museu Maillol

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Candelabro Dervaux

Saindo do Museu, fui para o hotel descansar um pouco. Saí do metrô pela estação Censier-Daubenton, pela qual já havia passado incontáveis vezes, mas nunca tinha reparado em um pequeno e simpático cartaz explicativo.

O candelabro que se pode ver no acesso a esta estação, Censier-Daubenton, foi criado pelo arquiteto Dervaux e instalado pela primeira vez em 1924 na estação Sèvre-Babylone.

Rapidamente, o modelo se generaliza. Muito sóbrio, ele substitui os mastros Val d’Osne de ferro forjado ou as entradas Art Nouveau criadas em 1900 por Hector Guimard.

Ele pode ser colocado seja sobre suportes simples também desenhadas por Dervaux, seja sobre suportes de pedra. Mais raramente, ele vem completar uma entrada Guimard.

As letras entrecortadas da abreviação Metrô são tipicamente Art Deco. Geralmente registrada em branco sobre fundo vermelho, a palavra sustenta logo acima dela uma luminária branca acendida durante a noite.



segunda-feira, 14 de abril de 2014

Divindade feminina

As divindades femininas da cultura huasteca (Mesoamérica pré-hispânica, México) são representadas com o busto desnudado, as mãos sobre o ventre e, às vezes, como é o caso aqui, sobre um seio.

Essas divindades maiores dos huastecas, associadas à terra, à lua e à fecundidade, aparecem igualmente no panteão asteca sob os traços de Cihuacóatl (Museu do Quai Branly).

Divindade feminina, México
Norte da Costa do Golfo (900-1519)

sábado, 12 de abril de 2014

Máscara Elema

A população Elema do golfo de Papua, em Papua-Nova Guiné, produziu essa máscara em meados do século XX.

Máscara Elema

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Máscara Murik

Essa máscara era usada inclinada, o olhar orientado para o céu. O restante do corpo ficava inteiramente escondido por uma vestimenta de fibras. A máscara é feita de madeira e pigmentos naturais (Museu do Quai Branly).

Máscara encontrada no lago Murik, Papua-Nova Guiné
Meados do século XX

terça-feira, 8 de abril de 2014

A sociedade secreta Iniet dos Tolaï

Essa figura, rara pelo seu tamanho, pertence à sociedade secreta Iniet dos Tolaï. Para evitar qualquer reprodução, as esculturas são realizadas em um local escondido, marawot.

Ela está ligada à mitologia da serpente: a esculturação em dentes de serra do enquadramento, chamada ngit-ngit – o termo ngit significa picar – sugere uma potência de ataque (Museu do Quai Branly).

Escultura iniet. Papua-Nova Guiné (Melanésia). Século XIX

domingo, 6 de abril de 2014

Escultura Malekula

Feita de xaxim (samambaia), pasta vegetal e pigmentos, essa criativa escultura foi encontrada no início do século XX no sul da ilha Malekula, Vanuatu (Museu do Quai Branly).

Escultura de xaxim, Ilha Malekula, Vanuatu

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Tambor com fenda

Produzido pela população Pequeno Nambas, que ocupa o sudoeste da ilha Malekula, vila de Wormiall, Vanuatu, esse Tambor com fenda é inteiramente feito de madeira e foi encontrado no início do século XX (Museu do Quai Branly).

Tambor com fenda

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Behu lawölö

Essa estátua, feita de pedra, foi encontrada no final do século XIX, no curso médio do rio Susuwa, ilha de Nias (Tanö Niha na língua local), Indonésia (Museu do Quai Branly).

Estátua masculina behu lawölö