quinta-feira, 9 de abril de 2015


Pacificação ou novo patamar de equilíbrio?

De repente, fiquei sem saber se Temer é negociador do Planalto junto ao Congresso ou se é negociador do PMDB frente à Dilma. Ele está levando um conjunto de reivindicações do partido, do seu partido, para negociar com a Presidente, tendo o intuito de pacificar as relações. Está parecendo que, como negociador, Temer é representante do seu partido no Planalto.

Claro que é de interesse do Planalto o bom entendimento com o PMDB/Congresso. Tem gente com saudades do tempo em que o Congresso concordava por antecipação com as iniciativas do executivo.

Com essa independência do Congresso, tem aparecido a discussão se estamos caminhando para o parlamentarismo. No fundo, nem um pouco. O que estamos presenciando é a afirmação da autonomia e independência dos poderes. É comum achar essa nova situação estranha, porque não estamos acostumados com isso. A história do Brasil sempre nos mostrou um Estado forte e centralizado em torno do executivo. Mas as coisas estão mudando. O desequilíbrio que pendia para o executivo foi quebrado de maneira espetacular com o julgamento do Mensalão, quando o judiciário julgou, independentemente dos interesses do executivo.

Esse equilíbrio tradicional (o desequilíbrio), com a preponderância do executivo sobre os demais poderes, está sendo reorientado para um equilíbrio de fato, em que cada poder exerce suas funções constitucionais sem invadir as prerrogativas dos outros. Como é o PMDB que está tomando a iniciativa dessa inflexão, para que o país passe a uma nova etapa de sua história, vai ser preciso uma postura republicana de todas as partes, especialmente do PMDB, sem a qual a nova ordem pode tornar-se desordem.

Então não se trata de pacificar, mas de aceitar e mesmo cultivar o respeito ao equilíbrio entre os poderes.

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