sexta-feira, 17 de abril de 2015


Impeachment ou não impeachment: eis a questão

Quem chegou até a situação de deputado federal é uma pessoa esperta. Claro que, além de esperto, todos gostaríamos que ele fosse honesto. Sem dúvida. Mas não é sempre que isso acontece, como a gente lê nos jornais todo dia. Sou um leitor de jornal que se preocupa com o que se passa na política, tento entender o que se passa e descobrir o rumo dos acontecimentos.

Analisando espertamente as questões em jogo quando o assunto é o impeachment da presidente, cada ator em cena tira suas próprias conclusões, se apoia ou não. Por que Aécio não apoiava e agora apoia, desde que apareça algum crime que ela eventualmente tenha cometido? Fica difícil entender essa mudança de posição. Se o PT sair do governo agora, ele passa para a oposição, denuncia a péssima situação econômica pela qual o Brasil está passando (como se não tivesse nenhuma responsabilidade sobre a situação atual), promete a volta aos bons tempos do Lula e terá mais chance em 2018. Se o PT permanecer no executivo, ficará “sangrando”, como disse um expoente do PSDB. Nesse caso, ficaria mais fácil para Aécio ganhar as eleições.

Gilberto Carvalho disse que Aécio só apoia o impeachment por causa das demandas dos manifestantes e da opinião pública favorável. É possível que Carvalho tenha razão. Mas ele critica Aécio por ser “oportunista” (só apoia o impeachment para se ver identificado com o eleitor), quando efetivamente não há nada criticável no fato de o político ouvir e representar os eleitores.

Por outro lado, é mais difícil saber por que o Eduardo Cunha é contra o afastamento de Dilma, se quem assumiria seria o Vice, do mesmo partido do presidente da Câmara. O PMDB é um partido múltiplo, com tendências que coexistem mais ou menos pacificamente, mas com muita disputa interna. Temer, com muito malabarismo, consegue uma unificação instável. Ao que tudo indica, os interesses políticos de Eduardo Cunha são diferentes dos do presidente do PMDB, e ele talvez não vá se beneficiar com o afastamento da presidente.

É uma esperteza contra outra, mas ser esperto é próprio do político.

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