terça-feira, 29 de julho de 2014


Não sei se é confortável, mas dá vontade de sentar!

Arquiteto de interiores e designer dinamarquês, Verner Panton cria em 1955 sua agência em Copenhague e colabora com numerosas firmas e editores de mobiliário e de tecido. Ele mostra interesse por um design completo, integrando um ambiente inovador, à semelhança de sua intervenção na exposição “Visiona II” em Cologne em 1970.

Ao mesmo tempo em que ele desenvolve seu próprio código de cores, Color System, aplicado tanto ao mobiliário quanto à arquitetura de interiores, ele se interroga e coloca em prática as relações entre cores, formas e luzes.

O sofá Living Sculpture, realizado em 1970-71 para sua residência particular em Basileia, é constituído de nove elementos de mousse de poliuretano, reunidos por um sistema de pinos e revestidos por um tecido trançado e trama de lã. Sua concepção única, confortável e lúdica, oferece uma nova leitura dos hábitos e das ocupações de interior (Centro Pompidou, dezembro de 2011).

Verner Panton, Sofá Living Sculpture (1970-71)

domingo, 27 de julho de 2014


“Tricoto, logo existo”

“Enfim adivinhar, não mais saber” era o título escolhido por Rosemarie Trockel para sua exposição no MoMa de Nova York em 1988. Esse título poderia servir para evidenciar o significado do conjunto de seu trabalho, multiforme, desnorteante, inalcançável. O olhar que a artista adota sobre a sociedade é, às vezes, cruel e, com frequência, subversivo ou mesmo destrutivo. Ela evita a banalidade da vida, manipula as convenções e desestabiliza as expectativas.

Na aparência, suas pinturas, esculturas, desenhos, tricôs, fotografias, instalações e filmes dependem do universo feminino. Mas aqui, quando a artista troca suas agulhas de tricotar por máquinas sofisticadas, programadas por computador, é para citar Descartes. O “Penso, logo existo” dessa obra pode igualmente ser lido: “Tricoto, logo existo” (Centro Pompidou, dezembro de 2011).

Rosemarie Trockel, Cogito, ergo sum (1988)

sexta-feira, 25 de julho de 2014


Elmo

Mimmo Paladino é escultor, pintor e gravurista italiano.

Lembrança do Centro Pompidou, dezembro de 2011.

Mimmo Paladino, Elmo (1998)

quarta-feira, 23 de julho de 2014


Antessala dos apartamentos privados do palácio Élysée, quando Georges Pompidou era presidente

A decoração realizada por Agam para o palácio Élysée responde a uma encomenda feita ao artista em 1971 pelo chefe de Estado, George Pompidou. Decorado entre 1972 e 1974, sob a égide do Mobiliário Nacional, ele foi desmontado depois da ascensão de Valéry Giscard d’Estaing à presidência da República, antes de ser apresentado em 2000 ao Centro Pompidou.

Verdadeiro espaço pictórico “cinético” realizado na escala de uma peça de habitação e associando paredes, tetos, piso e portas de entrada, o Salão assume os princípios do “quadro polimórfico”. Fabricado com a ajuda de elementos coloridos com efeito de bisel, o artista oferece ao espectador composições abstratas que se modificam conforme o ângulo de visão.

Concebido a partir de uma escolha precisa de materiais e de cores, essa obra oferece a visão de um espaço geométrico dinâmico e sugere uma metamorfose permanente do universo visual (Centro Pompidou, dezembro de 2011).


Yaacov Agam, Salão (1974)


segunda-feira, 21 de julho de 2014


As poeiras de pixels

Chuck Close é um dos principais representantes do hiper-realismo, corrente nascida nos Estados-Unidos em meados dos anos 1960. Em ruptura com a abstração, mas frequentemente considerados como próximos da Pop Arte, os artistas desse movimento escolhem temas neutros e imediatamente reconhecíveis, tais como imagens de loja ou fotos pessoais, que eles transcrevem com minúcia.

O tema, único tema da obra pictural de Chuck Close, é desde 1967 o retrato de identidade fotográfica, o plano próximo e frontal da figura humana que ele expressa na pintura por meio de um sistema em que ele simula o ladrilho. Esse sistema evolui a partir do final dos anos 1980: o artista começa então a pintar a partir de imagens numéricas e interpreta detalhadamente “as poeiras de pixels”, como aqui para este retrato de seu amigo Arne Glimcher (Centro Pompidou, dezembro de 2011).

Chuck Close, Arne (1999-2000). Detalhe central

sábado, 19 de julho de 2014


Preto e Branco

Ellsworth Kelly é pintor e escultor nova-yorkino. Seu trabalho enfatiza a simplicidade das formas, como mostra o presente trabalho.

Lembrança do Centro Pompidou, Coleções Contemporâneas, dezembro de 2013.

Ellsworth Kelly, Branco Preto (Black White) (1988)

quinta-feira, 17 de julho de 2014


O espaço e a materialidade da cor

Desde meados dos anos 1970, Ettore Spelletti elabora uma obra a partir da observação sensível da natureza e dos mestres primitivos italianos. Singular, seu ângulo de visão aproxima pintura e escultura, visando explorar o espaço e a materialidade da cor.

Grupo da Fonte evoca a memória das cores de uma paisagem nas vizinhanças de uma aldeia, aqui reduzida a um grupo de casas com formas sintéticas; um arco de metal se eleva sobre uma forma em elipse de vidro azul, que lembra uma superfície aquática refletindo um arco-íris em uma paisagem sublimada (Centro Pompidou, Coleções Contemporâneas, dezembro de 2013).

Ettore Spalletti, Grupo da Fonte (1988)

terça-feira, 15 de julho de 2014


O espelho e o cemitério

O polimento transforma o aço em espelho que traz o ambiente e o fotógrafo para dentro do quadro (para dentro do cemitério?).

Lembrança do Centro Pompidou, visita de janeiro de 2013.

Michelangelo Pistoletto, Mulher no cemitério (1962-74)

domingo, 13 de julho de 2014


Isolamento e proteção: piano e feltro

Esse ambiente, tardio na obra de Beuys, foi concebido em 1985 para o espaço da galeria londrina Anthony d’Offay. Sua apresentação atual retoma a configuração original. Promessa (Plight) faz referência a um acontecimento preciso: para atenuar os barulhos do trabalho de um imóvel vizinho, Beuys havia prometido à direção da galeria realizar uma obra que opusesse o silêncio ao barulho.

A instalação compõe-se de dois espaços atapetados de espessos rolos de feltro. No interior, o visitante experiencia uma sensação de calor e uma impressão de isolamento que, ao mesmo tempo, protege-o e corta suas ligações com o mundo. Absorvendo os sons, o feltro torna incongruente a presença naquele espaço de um piano de concerto mudo, sobre o qual estão dispostos um quadro negro e um termômetro.

A ambivalência e a complexidade da obra estão presentes desde seu título, que faz alusão à ideia de constrangimento, de dever, mas anuncia uma promessa (Centro Pompidou, Coleções Contemporâneas, dezembro de 2013).

Joseph Beuys, Promessa (Plight) (1985)

sexta-feira, 11 de julho de 2014


A escultura pensada como uma forma em expansão

Arquiteto de formação, o artista brasileiro Tunga desenvolve desde os anos 1970 uma obra prolífica que engloba todos os campos da criação. Desde sua primeira apresentação em Whitechapel Gallery de Londres em 1989, a instalação Lezart não para de se transformar.

Os materiais, como o cobre, o ferro e o ímã, da mesma maneira que as formas estendidas, são aqui emblemáticos da mitologia pessoal do artista, marcado pela alquimia e pela ideia de uma dinâmica da matéria. Tunga ambiciona redefinir a escultura não mais como um volume estático, mas como uma forma em expansão.

Esta é a reconstituição (2013) da instalação Lezart (1989), apresentada ao Power Plant de Toronto em 1990 (Centro Pompidou, Coleções Contemporâneas, dezembro de 2013).

Tunga, Lezart III (1989)

quarta-feira, 9 de julho de 2014


A alienação cultural e a busca de identidade

Nascido em Dugny (França) em 1970, Kader Attia cresceu em um ambiente multicultural que forjou sua personalidade e nutriu uma produção artística eclética iniciada no final dos anos 1990. Seu trabalho oferece um questionamento sobre a alienação cultural e a busca de identidade. Ghost (Fantasma) é uma instalação que evoca uma assembleia de mulheres em posição de reza.

Compostas a partir de corpos moldados com papel alumínio de uso doméstico, as esculturas têm um caráter frio e industrial. Com o interior vazio, elas colocam a questão da negação do indivíduo.

Entre devoção e exclusão, contemplação e vulnerabilidade, essa multiplicidade de entidades fantasmagóricas representa para o artista uma síntese de sua reflexão sobre a articulação entre a arte política e a realidade quotidiana (Centro Pompidou, Coleções Contemporâneas, dezembro de 2013).


Kader Attia, Ghost (2007)

domingo, 6 de julho de 2014


A Vitória de Samotrácia em bronze patinado

A obra pintada, gráfica e esculpida de Cy Twombly é tanto intemporal quanto inclassificável.

Suas primeiras esculturas recuam a meados dos anos 1940. Nessa época, ele trabalha muito com materiais descartáveis. Em 1987, ele realiza uma primeira versão em madeira e gesso da obra Sem título (2005) que ele intitula então Vitória.

Ela se inspira na célebre Vitória de Samotrácia, escultura grega antiga em forma de proa de navio de guerra representando Niké, deusa que personifica a Vitória. A forma elegante, muito simples – ao mesmo tempo estela, asa e proa de navio – é magnificamente aproveitada pelo bronze patinado que anula os contrastes das madeiras de entulho e do gesso do original.

Esse exemplar (tiragem de seis) é dedicado pelo artista a Dominique Bozo, diretor do Museu Nacional de Arte Moderna (1981-1986) e presidente do Centro Pompidou (1991-1993) (Centro Pompidou, Coleções Contemporâneas, dezembro de 2013).

Cy Twombly, Sem título (2005)

sexta-feira, 4 de julho de 2014


A natureza, o tempo, o espaço

Joan Mitchell, artista americana da segunda geração dos expressionistas abstratos, deixa Nova York e vai para a França nos anos 1950. Seu trabalho toma uma nova envergadura ao final dos anos 1960, ocasião em que ela se instala em Vétheuil, na Normandia.

É em seu atelier na margem do Sena, no qual ela trabalha à noite, que ela realiza suas maiores obras, grandes polípticos, como Caça proibida.

Essa pintura, organizada em quatro painéis, cujos campos coloridos parecem surgir do branco, convida a refletir sobre sua relação com a natureza, com o tempo, com o espaço.

As obras desse período propõem uma síntese entre a contenção da pintura europeia e a energia potente da pintura expressionista americana (Centro Pompidou, Coleções Contemporâneas, dezembro de 2013).


Joan Mitchell, Caça proibida (1973). Detalhe central

quarta-feira, 2 de julho de 2014


“A expressão simples de um pensamento complexo”

No final dos anos 1940, Mark Rothko formula uma maneira de pintar que constituirá sua marca frente aos outros artistas americanos ligados ao expressionismo abstrato: superfícies coloridas retangulares com limites imprecisos, superpostas a um fundo.

A base vibrante da cor, “sujeito mítico da pintura”, emerge como “a expressão simples de um pensamento complexo”, escreve Rothko.

Entre 1950 e 1970, ele continua, nesse quadro formal, com um longo trabalho sobre a cor, progredindo em direção a um escurecimento dos valores cromáticos, como testemunha essa tela (Centro Pompidou, Coleções Contemporâneas, dezembro de 2013).

Mark Rothko, Preto, vermelho sobre preto no vermelho (1964)