terça-feira, 18 de fevereiro de 2014


Visões do além

O sonho abre o homem ao outro além de si.

Então, os ausentes, os mortos e os ainda não nascidos podem encontrar os vivos; o alhures pode se unir ao aqui; o passado e o porvir podem coincidir com o presente, e o imaginário se enlaçar com o real.

Como representar tal maravilha?

Entre os séculos XV e XVI, as maneiras de inscrever no espaço essa temporalidade paradoxal, com os “fantasmas” que a povoam, variaram muito conforme as regiões e as escolas: o mundo do sonho e o do real podem ser figurados lado a lado, religados por um mediador, ou separados tanto quanto unidos por uma fronteira (mandorla, nuvem, bolha...).

Mas em quase todos os casos, os artistas do Renascimento evitam pintar seus próprios sonhos; eles se inspiram na mitologia e nas histórias santas, sem fazer distinção entre sonho e visão.

Sonhadores e visionários podem acolher tanto o melhor quanto o pior, tanto o verdadeiro como o falso (Museu do Luxemburgo, O Renascimento e o sonho).

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