domingo, 2 de fevereiro de 2014


Inspiração, encantamento, alegoria

Abandonados ao peso do sono, homens e mulheres veem abrir-se uma outra cena: a potência demoníaca do sonho os faz entrar em um mundo novo, em locais não-localizáveis, onde eles se duplicam, onde a ordem natural das coisas está rompida, onde abundam as metamorfoses e as maravilhas.

Estado propício à inspiração criadora, o espaço do sono e do sonho aparece junto com o do “furor poético”.

É também sobre a obscuridade – não mais física, mas intelectual e igualmente fecunda – que numerosos artistas do Renascimento produzem, recorrendo-se à alegoria.

Expressão figurada de uma ideia, a alegoria tem o mesmo fundamento do sonho: como ele, ela dá significado a uma coisa por uma outra; como ele, ela exprime-se de maneira deslocada e frequentemente misteriosa.

Por mais diferentes que elas se mostrem, as obras em que aparecem pessoas adormecidas testemunham a estreita relação que une o alegórico ao onírico; e elas excitam tanto a imaginação, porque elas conservam uma parte do enigma
(Museu do Luxemburgo, O Renascimento e o sonho).

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