domingo, 12 de janeiro de 2014


A vida dura de um turista goiano no interior da França

Passei o dia enfurnado em dois trens: o que foi até Bordeaux e o que me deixou em Carcassonne. Quando cheguei ao hotel, entendi o que eles queriam dizer com a expressão apart-hotel. Era um largo pátio com os apartamentos em volta: quarto grande com cozinha em uma das paredes e um banheiro gigantesco (do tamanho dos quartos dos hotéis em Paris). Não havia um centro de convivência tal como costuma ser a recepção dos hotéis. A gente entra da rua diretamente no pátio interno e dali toma o rumo do quarto/apartamento sem encontrar ninguém. A temperatura estava baixa dentro do quarto e o regulador não funcionava. Me senti isolado. Decidi que, em vez de passar três noites, de acordo com a reserva, passaria somente duas, o suficiente para fazer algumas fotos no dia seguinte. Tendo viajado o dia inteiro, estava com muita fome. Entre quatro e seis horas da tarde, não há restaurante aberto. Uma quiche lorraine iria bem, enganaria a fome até a hora do jantar. Mas o rapaz da recepção insistiu que, na Cité, havia restaurante aberto. Fui até lá, alucinado pela fome, sem assumir a emoção de entrar em uma cidadela medieval, mas com os olhos esbugalhados procurando a palavra mágica: restaurante. Como temia, não havia nenhum aberto. Fugi de lá, procurando qualquer coisa pra comer. Uma noite fria, chuvosa e deserta me ofereceu a luz de uma padaria que me forneceu o que eu queria. Só aí fui me instalar no hotel e então pude me dar conta de que estava mal instalado. Esperei umas duas horas pra ir jantar. Continuava chovendo. Encontrei o restaurante onde anteriormente uma jovem havia lamentado que infelizmente só poderia me atender mais tarde. Comi um cassoulet razoável. Bem preparado, mas um pouco seco. Saindo do restaurante, um casal de meia idade, ambos obesos, andava calmamente e conversava animadamente. A chuva estava mais forte. Afora esse casal, ninguém na rua. Um carro passou lentamente. Entendi que o hotel fica perto da Cité, mas longe do centro da cidade.

Às nove e meia da noite, não havia mais nada pra se fazer. A internet é sempre uma alternativa. Um blog a ser alimentado é sempre uma atividade legal. Vi que era melhor voltar a Paris no dia seguinte de manhã, caso contrário teria mais tempo livre do que blog pra escrever. Êta vida dura...

3 comentários:

  1. Oiiii Avelino, estou aqui pra dizer que adoro suas narrativas sobre os pequenos detalhes de tudo... adoro!! Parabéns pelo blog, to feliz em poder seguir Paris por aqui... Abraço!

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  2. Oi Mábia, quanto tempo... Que bom que você gostou. Eu sei que você sempre gostou de arte. Espero que o blog continue correspondendo. Beijo,

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  3. "Um carro passou lentamente." me transportou. Gostei.

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