quinta-feira, 26 de março de 2015


O direito à preguiça

Deveria ser matéria obrigatória da seleção para chefe na carreira do servidor público a leitura de um instrutivo livrinho (o diminutivo é relativo ao número de páginas e não à grandeza da obra): “O direito à preguiça” de Paul Lafargue, genro de K. Marx.

O livro mostra que o lazer é mais importante do que o dinheiro. É válido acrescentar que o lazer é também mais importante do que o poder ou a popularidade. Mas os ventos neoliberais sopram em outra direção, e tem gente que abandona a ética e as leis para conseguir mais dinheiro. Tem gente também que “faz o diabo” para ganhar as eleições, ou seja, deixa de lado o lazer em troca da luta irrefreável pela popularidade, que se coloca a serviço da conquista do poder. Na busca indiscriminada pelo apoio popular, a referência da palavra dita é com o efeito que ela pode suscitar e não com a verdade dos fatos e das propostas.

Esse pessoal encrencado na Lava Jato deveria ter aula de lazer e preguiça. Eles se tornariam mais humanos. Entretanto, para isso, surgiriam dois problemas. O primeiro é que, em nossa cultura neoliberal, seria difícil conseguir professor para a matéria. O segundo diz respeito à natureza dessas habilidades, que não têm a característica de serem aprendidas em sala de aula. Talvez a cana – o ócio obrigatório – tenha mais serventia.

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