segunda-feira, 30 de março de 2015


A estratégia de Lula (teoria da conspiração)

Durante a campanha presidencial, ouvimos e lemos, mais de uma vez, que Lula estava afastado, sem participação expressiva nos rumos dos acontecimentos, sem ação militante a favor de sua candidata. Especulou-se que havia divergências entre eles. Que diferenças seriam, ninguém soube levantar uma hipótese convincente. Talvez uma delas fizesse sentido: na primeira eleição da candidata, ninguém a conhecia, então ou o Lula fazia propaganda ou ela nunca teria a visibilidade necessária para enfrentar a situação. Já agora, uma atuação mais ostensiva poderia ter o efeito contrário, o de ofuscá-la. Seu sumiço seria então resultado de um cálculo bem pensado, seria uma estratégia eleitoral. E o Lula desmentiu qualquer problema que pudesse haver entre eles, aparecendo aqui e acolá em alguns palanques. Sua presença, no entanto, foi muito tímida, considerando seu histórico de aficionado por palanques e microfones.

Um amigo meu, o Baturé, na sua ingênua esperteza, disse que eu estava sendo ingênuo, acreditando no que diz um candidato, aceitando como verdade o que diz a mídia.

– São todos maquiavélicos, eles não dão ponto sem nó, o que eles dizem tem a duração de um risco n’água!

Ele explicou-me que, na avaliação do ex-presidente, Dilma não conseguiria achar uma solução para o estrago na economia, pois já eram 12 anos de uma política social exitosa, porém acompanhada de política econômica equivocada: crescimento baseado no consumo, associado ao descaso pelo combate à inflação, pelas metas fiscais, pelo equilíbrio orçamentário, pelas contas externas e por muitos etcéteras, dentre os quais a corrupção.

A situação estava tão caótica que ninguém conseguiria consertar. Por isso, seria melhor, no entendimento do ex-presidente e futuro candidato, entregar o abacaxi para o PSDB, que aí sim, seria certa a vitória do PT em 2018.

– Você está delirando, Baturé...

Tem mais, continuou ele, se Lula tivesse se empenhado durante a campanha, e mesmo assim a Dilma não ganhasse, o prestígio do Lula diminuiria, e ele teria mais dificuldade de ganhar na próxima.

– Você quer dizer, Baturé, que o Lula trabalhou para a Dilma perder?

Ele continuou me explicando sua teoria da conspiração: era para o bem da Dilma e do PT. Agora, com esse abacaxi na mão, na impossibilidade de cumprir as promessas de campanha, ambos vão se desgastar e será mais difícil Lula e o PT ganharem em 2018. A não ser que... (continua).

Nota. Enquanto analistas políticos se ocupam de entender (e explicar) o que se passa hoje, este post procura visualizar um panorama possível para os desdobramentos dos acontecimentos atuais. Panoramas estão sempre sujeitos a um elevado grau de incerteza.

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