quarta-feira, 26 de março de 2014

Diálogo dos instrumentos

– O violoncelista mudou, mas tudo o mais permanece o mesmo.

– Vamos ver se vai continuar bom... O violoncelo é a alma do conjunto.

– Desculpe, senhora, mas é o piano a alma da harmonia.

Eu cortei a senhora de mais de 80 anos que tinha puxado conversa comigo e achei que ela podia ficar chateada. Talvez ela entendesse do assunto, enquanto eu simplesmente gosto de música por instinto e prazer. Mas ela logo acrescentou, com voz charmosa:

– O som do violoncelo é parecido com a voz humana. Então ele dá um volume à música que nos faz abrir a alma.

– Entendi. Nunca pensei que o violoncelo pudesse ter esse poder.

Durante o concerto achei que ela tinha razão. O violoncelo tem a capacidade de unir todos os sons. Faz o som do conjunto vir como se fosse um só e não como uma simples soma de cada um dos instrumentos.

Brahms, o terceiro compositor lembrado naquele concerto no Auditorium do Louvre, foi o mais bonito. Seu concerto, opus 8, tem lento somente o terceiro movimento, talvez pra valorizar o último, allegro. Trata-se de uma obra de juventude que se caracteriza pela exuberância, andamento musical que ele vai desdenhar na maturidade.

No segundo movimento, scherzo (que significa brincadeira em italiano), Brahms faz um diálogo entre os instrumentos, momento de destaque da noite.

Já no Palácio do Louvre, a caminho do Auditorium



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