quarta-feira, 12 de março de 2014


A aurora e o despertar

Com a chegada da alvorada, a Aurora, irmã da Lua e do Sol, vai abrir a passagem do mundo obscuro e turvo ao mundo luminoso.

Em Homero, a deusa se colore de rosa e de açafrão: Battista Dossi se lembra desse cromatismo quando ele a representa no momento preciso em que ela libera os cavalos de Apolo e se apressa em repintar o céu.

A razão apolínea ainda não retomou seus direitos: o mundo situa-se no espaço entre os dois momentos.

Se o sono está próximo da morte, o despertar deveria ser uma ressurreição. Com ele, voltam, em princípio, a disciplina e o controle de si, o domínio lógico e a razão.

Entretanto, sérias dúvidas subsistem...

Por um lado, porque certos despertares são perigosos, tal como o de Eros queimado, em plena noite, pela lamparina de Psiquê.

Por outro lado, porque não é certo que o despertar nos acorde: é possível que a vida inteira seja um sonho, e que nós sejamos feitos do mesmo tecido dos sonhos (Museu do Luxemburgo, O Renascimento e o sonho).

Battista Dossi, Manhã: A Aurora e os cavalos de Apolo (1544)

Um comentário:

  1. É fascinante o mundo da mitologia Grega.E a cada novo mito que passo a conhecer me interesso ainda mais por esse assunto. Parabéns prof°.

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