quarta-feira, 28 de maio de 2014

Nem abstração nem surrealismo

Depois de ter declarado, em 1928, querer “assassinar a pintura” experimentando composições com material pobre, Miró opera em Pintura um retorno aos meios próprios da pintura.

Esta grande tela é uma das dezoito “Pinturas” executadas em Barcelona em 1933. Aqui se manifesta uma linguagem plástica nova: um alfabeto de signos gigantes, estruturas ósseas biomórficas, nem figurativas nem abstratas, flutuam nos espaços cósmicos. Miró parte de colagens de objetos manufaturados, recortados nos jornais, que ele dispõe sobre o espaço de folhas de mesmo formato. Uma vez terminado esse conjunto de “padrões”, ele se dedica a pintar.

Nem abstração nem surrealismo nessa pintura, que manifesta a posição independente e ambígua de Miró no início dos anos 1930: ao mesmo tempo em que ele se recusa a aderir ao grupo Abstração-Criação, ele participa, em 1933, da “Exposição Surrealista” de Pierre Colle (Centro Pompidou, dezembro de 2011).

Miró, Pintura (1933)

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