A Folha de São Paulo
publicou hoje uma reportagem sobre a ação exitosa de quatro
cidades que têm baixo índice de dengue. Por uma
questão de reconhecimento, ficam aqui registradas as cidades: Barra do Chapéu, Monteiro Lobato,
Timburi e Torre de Pedra. Além de muita criatividade para combater a
proliferação do aedes aegypti, o mosquito transmissor da dengue, essas cidades
exercitam um elemento em comum que é o apoio dos moradores.
No
final do século passado, havia uma campanha de conscientização, do qual
participei, que dizia basicamente “Educação: direito de todos, dever do
Estado”. O mesmo se passava com a saúde. Era um momento em que as pessoas
começavam a tomar consciência de que saúde e educação não se reduziam a ser um
problema particular, mas que o Estado devia se comprometer e assumir.
Foi
importante e hoje não se tem mais dúvidas da responsabilidade do Estado no que
diz respeito a esses assuntos, sendo que a lista se ampliou, abrangendo
segurança, transporte e outros. A tendência ruim, no entanto, é se cair no
extremo oposto e achar que o cidadão tem somente a responsabilidade de escolher
certo os seus representantes e depois cobrar deles as medidas necessárias,
ficando isento de participação. Delegar e cobrar é meio caminho. O quadro fica
melhor com os termos: delegar, cobrar e participar.
A
complementação entre a autoridade e o cidadão já é conhecida desde a Antiguidade
grega, mesmo que os conceitos naquela época fossem elaborados utilizando a
forma poética. A luta dos Olímpicos (as autoridades na cultura grega, berço do
mundo ocidental) contra os Gigantes (o inimigo, as forças retrógradas) foi
contada sob forma de poema por Píndaro. Para um Gigante morrer (a dengue em
nossa realidade) era preciso que se preenchesse uma condição: que um Olímpico (uma
autoridade) e um mortal (um cidadão) ferissem o inimigo ao mesmo tempo.
Por
que essas quatro cidades de São Paulo têm conseguido se impor sobre a dengue?
Os moradores participam, informam as autoridades sobre água parada, fazem
arrastões públicos, se ocupam da limpeza dos quintais. Eles não resolveram
todos os problemas, dos quais o que mais agride essa postura de participação
são as casas de veraneio, longe do alcance dos cidadãos e das autoridades.
Essa
postura cidadã de participação contra a dengue é sintetizada por Lissandra de
Araújo, diretora local da Vigilância Municipal de Barra do Chapéu que diz: "É
uma ação conjunta para combater o mosquito da dengue. Se um lado falhar, pode
haver problema".
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