Velhas amizades parisienses
Lip é um amigo que eu já conhecia antes de nascer. Veio com a emigração
política brasileira do início dos anos 1990 e veio para ficar. Rapidamente se
integrou na sociedade parisiense e viu que, completando seus estudos, estaria
em condições de disputar o mercado de trabalho competitivo como o daqui. Passou
a se ocupar de menores em situação de risco.
Conversar com ele é um exercício de inteligência e memória. Quer saber tudo que
se passa na terrinha, as condições sociais e políticas. Situação do povo e dos
ricos. Reforma disso e daquilo. Candidatos e anticandidatos. Black block e
maioria silenciosa. Com nossa conversa, permeada de participação de seus
filhos, superamos com prazer a monotonia do dia primeiro do ano.
A noite foi dedicada a um concerto muito bom, na igreja St Julien le Pauvre.
Passei lá duas horas antes da sessão, porque no ano passado não consegui entrar
de tão grande era a procura. Desta vez, talvez por ser ópera, talvez por ser o
primeiro dia do ano, normalmente dedicado à preguiça, havia muitos lugares
vazios e eu pude me alojar confortavelmente. O contra tenor Nguyen Duy-Thông e o
pianista Laurent Collobert fizeram a festa dos ouvidos e da alma.
"Conversar com ele é um exercício de inteligência e memória. " Acho que faltou uma falinha desse amigo... eu pelo menos, fiquei curiosa.
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