A vida dura de um turista goiano no interior da França
Passei o dia enfurnado
em dois trens: o que foi até Bordeaux e o que me deixou em Carcassonne. Quando
cheguei ao hotel, entendi o que eles queriam dizer com a expressão apart-hotel.
Era um largo pátio com os apartamentos em volta: quarto grande com cozinha em
uma das paredes e um banheiro gigantesco (do tamanho dos quartos dos hotéis em
Paris). Não havia um centro de convivência tal como costuma ser a recepção dos
hotéis. A gente entra da rua diretamente no pátio interno e dali toma o rumo do
quarto/apartamento sem encontrar ninguém. A temperatura estava baixa dentro do
quarto e o regulador não funcionava. Me senti isolado. Decidi que, em vez de
passar três noites, de acordo com a reserva, passaria somente duas, o
suficiente para fazer algumas fotos no dia seguinte. Tendo viajado o dia
inteiro, estava com muita fome. Entre quatro e seis horas da tarde, não há
restaurante aberto. Uma quiche lorraine iria bem, enganaria a fome até a hora
do jantar. Mas o rapaz da recepção insistiu que, na Cité, havia restaurante
aberto. Fui até lá, alucinado pela fome, sem assumir a emoção de entrar em uma
cidadela medieval, mas com os olhos esbugalhados procurando a palavra mágica:
restaurante. Como temia, não havia nenhum aberto. Fugi de lá, procurando
qualquer coisa pra comer. Uma noite fria, chuvosa e deserta me ofereceu a luz
de uma padaria que me forneceu o que eu queria. Só aí fui me instalar no hotel
e então pude me dar conta de que estava mal instalado. Esperei umas duas horas
pra ir jantar. Continuava chovendo. Encontrei o restaurante onde anteriormente
uma jovem havia lamentado que infelizmente só poderia me atender mais tarde. Comi
um cassoulet razoável. Bem preparado, mas um pouco seco. Saindo do restaurante,
um casal de meia idade, ambos obesos, andava calmamente e conversava
animadamente. A chuva estava mais forte. Afora esse casal, ninguém na rua. Um
carro passou lentamente. Entendi que o hotel fica perto da Cité, mas longe do
centro da cidade.
Às nove e meia
da noite, não havia mais nada pra se fazer. A internet é sempre uma alternativa.
Um blog a ser alimentado é sempre uma atividade legal. Vi que era melhor voltar
a Paris no dia seguinte de manhã, caso contrário teria mais tempo livre do que
blog pra escrever. Êta vida dura...
Oiiii Avelino, estou aqui pra dizer que adoro suas narrativas sobre os pequenos detalhes de tudo... adoro!! Parabéns pelo blog, to feliz em poder seguir Paris por aqui... Abraço!
ResponderExcluirOi Mábia, quanto tempo... Que bom que você gostou. Eu sei que você sempre gostou de arte. Espero que o blog continue correspondendo. Beijo,
ResponderExcluir"Um carro passou lentamente." me transportou. Gostei.
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