Visões do além
O sonho abre o homem ao outro além de si.
Então, os ausentes, os mortos e os ainda não nascidos podem
encontrar os vivos; o alhures pode se unir ao aqui; o passado e o porvir podem
coincidir com o presente, e o imaginário se enlaçar com o real.
Como representar tal maravilha?
Entre os séculos XV e XVI, as maneiras de inscrever no
espaço essa temporalidade paradoxal, com os “fantasmas” que a povoam, variaram
muito conforme as regiões e as escolas: o mundo do sonho e o do real podem ser
figurados lado a lado, religados por um mediador, ou separados tanto quanto
unidos por uma fronteira (mandorla, nuvem, bolha...).
Mas em quase todos os casos, os artistas do
Renascimento evitam pintar seus próprios sonhos; eles se inspiram na mitologia
e nas histórias santas, sem fazer distinção entre sonho e visão.
Sonhadores e visionários podem acolher tanto o melhor
quanto o pior, tanto o verdadeiro como o falso (Museu do Luxemburgo, O Renascimento e o sonho).
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