A
estratégia de Lula (teoria da conspiração)
Durante
a campanha presidencial, ouvimos e lemos, mais de uma vez, que Lula estava
afastado, sem participação expressiva nos rumos dos acontecimentos, sem ação
militante a favor de sua candidata. Especulou-se que havia divergências entre
eles. Que diferenças seriam, ninguém soube levantar uma hipótese convincente.
Talvez uma delas fizesse sentido: na primeira eleição da candidata, ninguém a
conhecia, então ou o Lula fazia propaganda ou ela nunca teria a visibilidade
necessária para enfrentar a situação. Já agora, uma atuação mais ostensiva
poderia ter o efeito contrário, o de ofuscá-la. Seu sumiço seria então
resultado de um cálculo bem pensado, seria uma estratégia eleitoral. E o Lula
desmentiu qualquer problema que pudesse haver entre eles, aparecendo aqui e
acolá em alguns palanques. Sua presença, no entanto, foi muito tímida,
considerando seu histórico de aficionado por palanques e microfones.
Um
amigo meu, o Baturé, na sua ingênua esperteza, disse que eu estava sendo
ingênuo, acreditando no que diz um candidato, aceitando como verdade o que diz
a mídia.
–
São todos maquiavélicos, eles não dão ponto sem nó, o que eles dizem tem a
duração de um risco n’água!
Ele
explicou-me que, na avaliação do ex-presidente, Dilma não conseguiria achar uma
solução para o estrago na economia, pois já eram 12 anos de uma política social
exitosa, porém acompanhada de política econômica equivocada: crescimento
baseado no consumo, associado ao descaso pelo combate à inflação, pelas metas
fiscais, pelo equilíbrio orçamentário, pelas contas externas e por muitos
etcéteras, dentre os quais a corrupção.
A
situação estava tão caótica que ninguém conseguiria consertar. Por isso, seria
melhor, no entendimento do ex-presidente e futuro candidato, entregar o abacaxi
para o PSDB, que aí sim, seria certa a vitória do PT em 2018.
–
Você está delirando, Baturé...
Tem
mais, continuou ele, se Lula tivesse se empenhado durante a campanha, e mesmo
assim a Dilma não ganhasse, o prestígio do Lula diminuiria, e ele teria mais
dificuldade de ganhar na próxima.
–
Você quer dizer, Baturé, que o Lula trabalhou para a Dilma perder?
Ele
continuou me explicando sua teoria da conspiração: era para o bem da Dilma e do
PT. Agora, com esse abacaxi na mão, na impossibilidade de cumprir as promessas
de campanha, ambos vão se desgastar e será mais difícil Lula e o PT ganharem em
2018. A não ser que... (continua).
Nota. Enquanto analistas políticos se ocupam de
entender (e explicar) o que se passa hoje, este post procura visualizar um panorama
possível para os desdobramentos dos acontecimentos atuais. Panoramas estão
sempre sujeitos a um elevado grau de incerteza.
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