– O
violoncelista mudou, mas tudo o mais permanece o mesmo.
– Vamos ver se
vai continuar bom... O violoncelo é a alma do conjunto.
– Desculpe,
senhora, mas é o piano a alma da harmonia.
Eu cortei a
senhora de mais de 80 anos que tinha puxado conversa comigo e achei que ela
podia ficar chateada. Talvez ela entendesse do assunto, enquanto eu
simplesmente gosto de música por instinto e prazer. Mas ela logo acrescentou,
com voz charmosa:
– O som do
violoncelo é parecido com a voz humana. Então ele dá um volume à música que nos
faz abrir a alma.
– Entendi.
Nunca pensei que o violoncelo pudesse ter esse poder.
Durante o
concerto achei que ela tinha razão. O violoncelo tem a capacidade de unir todos
os sons. Faz o som do conjunto vir como se fosse um só e não como uma simples
soma de cada um dos instrumentos.
Brahms, o
terceiro compositor lembrado naquele concerto no Auditorium do Louvre, foi o
mais bonito. Seu concerto, opus 8, tem lento somente o terceiro movimento,
talvez pra valorizar o último, allegro. Trata-se de uma obra de juventude que
se caracteriza pela exuberância, andamento musical que ele vai desdenhar na
maturidade.
No segundo
movimento, scherzo (que significa brincadeira em italiano), Brahms faz um
diálogo entre os instrumentos, momento de destaque da noite.
Já no Palácio do Louvre, a caminho do Auditorium |
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